Início da carreira militar de João Maurício
A partir de 1620, João Maurício participa das batalhas e faz parte de um grupo de cavalaria comandada pelo seu meio-irmão Willem. Em 1626 ele foi promovido a capitão e três anos mais tarde já era coronel. Naquele ano de 1626, quando ele comandava sua própria companhia, João Maurício participou do sítio de ‘s Hertogenbosch. Ele batalhou também em Venlo, Roermond e em Rheinberg, onde ele enfrentou seu meio-irmão João, o Moço. Era em Maastricht, no ano de 1632, que ele obteve sua primeira fama militar quando, com um audacioso ataque, conseguiu romper o cerco montado pelo inimigo espanhol. Como reconhecimento recebeu o comando sobre um regimento da cavalaria. Apesar de sua grande participação, soa um pouco exagerada a fama adquirida pelo sítio e conquista de Schenckenschans, um dos últimos baluartes espanhóis. Schenckenschans se encontra numa pequena península, na região de Lobith, na Holanda, onde os rios Rheno e Waal se dividem.
Gerrit van Santen: Sítio de Schenckenschans, abril de 1636.
Rijksmuseum- Amsterdam
Nesta batalha João Maurício também sofreu o primeiro ferimento. Duas balas de mosquete lhe perfuraram o chapéu e uma terceira levou um pedacinho da sua orelha direita!
Apesar de não ser muito comum fazer guerra no inverno, o sítio desta fortificação aconteceu durante o inverno de 1635/1636. Neste tempo João Maurício recebeu a visita de Friedrich Wilhelm, Eleitor* de Brandenburgo. Desta visita nasceu uma profunda amizade que durou a vida toda.
Os anos do jovem militar João Maurício eram repartidos entre o quartel e a corte. Fazer guerra era trabalho sazonal: começava na primavera, alcançava o pico no verão e quando o outono se aproximava os oficiais se retiravam para passar o inverno na Haia. Este tempo de descanso era preenchido com a elaboração de planos políticos e militares. Não faltavam intrigas a respeito de promoções no exército. Exercícios de tiro, jogos de cartas e xadrez completavam as horas vagas. Cavalos e pistolas faziam parte das apostas.
João Maurício aprendeu bastante na vida da corte de Frederik Hendrik, que em 1625 tinha sucedido seu meio-irmão Maurício. Frederik Hendrik nasceu do quarto casamento de Guilherme de Orange com Louise de Coligny. Ela era filha do líder dos Huguenotes na França, Gaspard de Coligny, que tinha sido responsável pela ida de Huguenotes franceses a Rio de Janeiro. Frederik Hendrik morou durante dois anos na França e tentou imitar a vida do palácio do Louvre: caçadas, torneios, concertos, bailes mascarados etc. A língua na corte era obviamente a francesa, língua que João Maurício também dominava com perfeição.
Este artigo foi escrito por Johan Scheffer e publicado pela ACBH na revista De Regenboog nº 272 novembro 2021.
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Quadro de João Maurício de Nassau-Siegen, pintado em 1637, provavelmente por Michiel Jansz van Mierevelt
Siegerlandmuseum – Siegenp