Expedição Alaska
Em 2017 Martin Dijkstra (filho de Bauke e Gina) e sua família fizeram uma viagem de carro até o Alaska e sempre tive curiosidade em saber como foi esta aventura. Conversando sobre isto com sua mãe, Gina, ela me propôs fazer uma entrevista com eles para ser publicada na revista De Regenboog.
Foi uma conversa bem informal, gravada em áudio e posteriormente transcrita em texto.
Por: Joanita Aardoom
Como surgiu a ideia de fazer esta viagem?
Martin: Eu já tinha a minha empresa que é a Sumatra, que vende material de expedição. Então já vendia todos os equipamentos que usamos. A ideia surgiu do nada, na verdade. Estava assistindo televisão, gosto de assistir aqueles programas sobre o Alaska e daí falei pra Cintia: Amor vamos pro Alaska? E ela falou que sim. Mas vamos de carro, falei e ela falou, tá bom. Chamamos as crianças e falei pra eles brincando: Estamos indo para o Alaska e eles acharam bom também. Acabou o assunto e fomos dormir, mas fiquei com aquele negócio na cabeça. No dia seguinte, quando acordei falei: aquele negócio que estava falando ontem é sério e a Cintia falou: tá bom!
Cintia: Como já estávamos construindo esta casa aqui, comecei a encaixotar as coisas, já começamos a pensar em como iríamos fazer para alugar a casa (onde estávamos morando), mudar a empresa…
Martin: Pra que isso desse certo, precisamos então sair da nossa casa onde morávamos, mudar a a casa e a empresa de lugar. Não foi então muito fácil. Mas depois de 3 a 4 meses mudamos para esta casa, que na época não estava pronta totalmente. Mudamos a empresa para uma loja no centro de Ponta Grossa. Não ficamos um mês nesta casa e saímos de viagem.
Lembram do dia que começaram a viagem?
Cintia: Foi em 2017, festejamos a Páscoa em família e logo em seguida viajamos.
Martin: Saímos de Ponta Grossa com quase toda a papelada pronta, como passaporte, documentos pessoais e os vistos. O visto americano todos nós tínhamos, o canadense a Cintia e os meninos não tinham, mas eu já havia entrado com o pedido um mês antes e era pra sair, era pra sair, e já estávamos com aquela ânsia de começar a viagem, e o visto nada de chegar e iniciamos a viagem sem o visto.
Fomos até Tupaciguara em Minas e ficamos uns 10 dias lá, pescando. Temos amigos lá que tem uma pousada. Despois seguimos viagem, fomos até o pantanal, passamos uns dias lá até chegar na fazenda de meus pais em São José dos Quatro Marcos -MT e lá ficamos numa casa na beira do rio, que chamamos de rancho, esperando o visto, que demorou um mês pra chegar. Quase viramos índios kkkk.
Gina: Seria interessante comentar que foi lá que vocês decidiram de como iria funcionar a vida de vocês na barraca, em quatro pessoas, porque antes era a Cintia que fazia tudo,
Cintia: Sim, dividimos as tarefas. Os dois irmãos dormiam em uma barraca e cada um era responsável pela sua barraca. A parte de roupas, eu lavava roupa quando dava num camping, eles torciam e estendiam, recolhiam e cada um dobrava o seu. Eu fazia a comida e eles lavavam a louça. Toda tarefa era repartida. Martin fazia o café da manhã, ele gostava de levantar cedo rsrsr, e depois lavava a louça, e o restante era com os meninos. Era tudo organizado.
Martin: Enquanto estávamos esperando o visto aproveitamos para dar uma reformada nos nossos móveis internos da camionete. Mudamos várias coisas porque vimos que iria funcionar mas daria mais trabalho. Eliminamos algumas caixas de plástico onde guardávamos as roupas e fiz um armário pequeno.
Cintia: Levamos muita coisa que os outros falavam que era bom levar, mas depois falei, se não foi usado em 10 dias vamos deixar. Quando parávamos num camping a gente deixava aquilo lá. Era um espaço a mais e um peso a menos no carro.
Martin: Como o visto canadense é no passaporte, eles nem passaporte tinham, senão poderiam ter mandado pra fora do país sem problemas, mas como não tinham o passaporte não tinha nem como sair do país. Quando finalmente chegou continuamos a viagem.
Fomos então em direção ao norte, passamos por Rondônia, até chegar no Acre, onde passamos duas noites. De lá passamos para o Peru. Dali já fomos para Puerto Maldonado. Lá fomos até a casa de um casal de um conhecido.
Cintia: Nós estávamos num grupo de outros viajantes (whatsapp?) e avisávamos que estávamos em tal cidade e caso um deles conhecesse alguém ele indicava ou senão a gente ia sem rumo mesmo, procurava um camping.
Gina: Como foi essa experiência de ficar 24 horas juntos?
Cintia: Então, em 2 meses eu já tinha falado tudo da minha vida pro Martin e eu da dele rsrsrs. E fazíamos assim. Quando chegávamos em um lugar ele ia para um canto e eu para outro para ter o que falar durante a viagem. Para os meninos tudo era bom no começo, mas depois tinham as briguinhas normais.
Teve partes na viagem que eram bem cansativos porque não tinha onde parar mesmo, mas quando parávamos era uma alegria. Daí conhecia gente nova, lugares totalmente diferentes.
E a questão das saudades. Até os 2 meses tudo parece férias. A partir dos 2 meses a gente começa a sentir falta dos parentes e no terceiro mês dos amigos. No quarto mês você já não tem mais saudades.
Você fala com eles, vê que tá tudo bem com eles e aí você começa a aproveitar e curtir a viagem. O que fazia falta eram as datas de aniversário, as datas comemorativas. Foi diferente isso também.
E Thiago, do que você gostou mais?
Thiago: De tudo. Não tem como explicar sobre uma coisa que mais gostei. Uma vez subi numa duna bem alta, subi sozinho, no sol do meio dia, foi muito massa, mas me queimei todinho.
Fiz amizade também. Foi até engraçado. Eles estavam jogando bola e eu tava sem fazer nada e fui brincar lá com eles. Só que eles estavam num hotel muito chique, tinha piscina e um monte de coisas e perguntaram se eu queria jantar com eles lá. Perguntei pro pai e ele deixou. Quando o pai e a mãe vieram me buscar eu estava nadando na piscina e depois comemos lagosta ao redor da piscina.
E vc ainda tem contato com estes amigos?
De vez em quando a gente troca alguma mensagem. Eles me mandaram uma bandeira da Colômbia com escrita pra família, e pulseirinhas, bem legal.
E do Peru seguiram pra que país?
Martin: Pro Equador, um país bem legal, não é aquele calorzão que a gente acha que é, chegamos a passar frio. Não passa pela cabeça da gente que pode ser frio, porque estamos no Equador. Até mesmo na linha do Equador, onde tem o Museu do Médio do Mundo, passamos frio. Mas fora isso, é um paízaço mesmo. Muito bom de infraestrutura, um país pequeno, mas pista dupla em tudo, custo de vida baratíssimo, o galão de diesel com 4 litros custa 1,15 dólar. Foi um país onde ficamos um pouco mais apesar de ser pequeno. Lá tem um camping só de viajantes que faziam a mesma coisa que a gente e que custava 7 dólares por noite e tinha toda infraestrutura, chuveiro quente, wifi, eletricidade, lavanderia.
Cintia: A primeira lavanderia depois desta foi só no Canada. Nos demais lugares era tudo na mão rsrsrs, não tinha o que fazer. Quando saía um sozinho a gente tirava tudo, limpava tudo.
Martin: Tudo vira uma rotina né. As coisas mais simples que a gente não dá muita importância no nosso dia a dia normal de casa, quando você está viajando isso se torna, não um problema, mas uma coisa grande a ser feita, e em lugares que você não conhece nada. E por menor que seja a manutenção do carro é um problema grande porque o teu carro é a tua casa e tem que consertar no lugar. As coisas menores como trocar pastilhas de freio eu mesmo fazia. Felizmente não tivemos muitos problemas com o carro. No Peru, Equador e Colômbia a mão de obra era muito barata e não valia a pena você mesmo fazer. Mas daí lá nos Estados Unidos já era totalmente ao contrário. As peças são baratas e a mão de obra extremamente cara.
Do Equador fomos até a Colômbia e subimos até Cartagena e lá despachamos o carro até o Panamá.
Cintia: A maioria das pessoas acham que pega o carro ali no Panamá mesmo, mas não pega. Pega numa outra cidadezinha, a 100 km de Panamacity. E demorava uma semana pro carro chegar no Panamá então a gente ficava em Cartagena, que era muito mais barato. E quando faltava um dia pra chegar o carro, pegamos o avião, que durou 40 minutos pra chegar no Panamá. Chegando lá o Martin foi viajar para pegar o carro e eu fiquei com as crianças no hotel. O Martin levou o dia inteiro pra tirar o carro, dormimos no hotel e no dia seguinte saímos de lá.
Martin: O que acontece, não existe estrada, a divisa é seca. No canal do Panamá você passa por cima, existe ponte, mas ali é floresta amazônica e por pressão política dos Estados Unidos eles não liberam a passagem. Também pela questão do tráfico de drogas. Se unir a Colômbia e a América Central, aí é um abraço rsrsrs
Cintia: Na Guatemala a gente parou numa praia deserta pra acampar, não havia nada ali. Paramos e havia um cercado na areia e o Tiago foi perguntar o que era aquilo e lá tinha os ovos das tartarugas marinhas. E aí o Tiago ficou esperando as tartarugas nascer e foi muita, muita sorte que nasceram às seis da manhã e o Tiago ajudou as tartarugas ir pro mar. Foi muito legal.
Guatemala é um país bem pobre, né Martin?
Martin: Sim, os países da América Central são quase todos pobres, com exceção da Costa Rica, que é praticamente um Estados Unidos dentro do país. Do Panamá já entramos na Costa Rica, que é muito turístico. Os americanos acharam a Costa Rica e só tem americano quase, a moeda deles é dólar. Tudo é extremamente caro. Você sai de um país que é baratíssimo e entra em um que é caríssimo e só porque você cruzou a duana. E ali, por ser tão caro e tal, passamos só uma noite. No outro dia já entramos na Nicarágua e depois Honduras, lá tinha uma praia linda, e depois Guatemala.
Cintia: É interessante que nos campings, independente se é hippie ou não é, ou europeu, os campistas falam de 7 a 8 línguas, às vezes você olha pra eles e não dá nada. E eles sempre perguntam quantas línguas você fala? O mínimo é 6 línguas. A maioria aprendeu nas viagens.
E vocês se comunicavam em que língua?
Só no inglês. O Tiago voltou falando bem espanhol e se vira bem no inglês também. O Gabriel voltou falando muito bem o inglês, o Martin já sabia né. Mas conhecia de tudo, até holandês a gente conheceu na viagem. Daí ficava encantado e como o Martin é descendente de holandês já perguntou se eu fazia comida holandesa e respondi: aham rsrsrs, e ele falou: pode deixar ela aqui no camping então rsrsrs…
A maioria que encontramos nos campings era europeu. Eles viajavam em motorhomes, trollers. Um Jeep que a gente conheceu, eles dormiam dentro da camionete, sem nada, o banco era cama. Tinha gente que viajava a pé, outros de moto. Tinha de tudo.
Alguns deste viajantes que a gente conheceu vieram pro Brasil e ficaram na nossa casa aqui. A gente abre a casa pra eles também. Um deles ficou 3 meses kkkk, outro uma semana, outro umas duas semanas e assim vai rsrsrs.
Fizemos muitas amizades, foi lindo. Aprendemos muito. Eu voltei gostando de francês, estudei francês um pouco.
Martin: De Guatemala fomos para o México. Então, na ida a gente foi: Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, Guatemala e México e na volta a gente passou por El Salvador. O único país que a gente deixou pra trás foi Belize. É um país pequeno, mas com todos que falamos disseram que tinha poucos atrativos. E tínhamos data pra chegar no Alaska também.
E do México, o que acharam?
Martin: Bonito, nossa, lindíssimo. O país é fantástico. As pessoas nos trataram muito bem.
Cintia: A gente conheceu o lado bonito e feio do México, como em todo lugar tem. Igual passa na televisão, os acorrentados lá, com armas, a gente viu isso também, mas é muito bonito.
Martin: Como lá tem muita praia lá, às vezes andávamos 200 km a 300 km sem ver uma casa. Peru também tem isso bastante. Só que Peru é um país feio, o povo é muito porco, joga muito lixo na estrada, na rua. Você vê pilhas de lixos do lado da rodovia. Tem muita poluição sonora também. Dentro da cidade eles fica buzinando todo tempo, ligam o alerta pra qualquer coisa. No México não tem isso. Colômbia também é relativamente organizado.
E por onde entraram nos Estados Unidos?
Cintia: Pelo Texas, e cruzamos pelo meio os Estados Unidos. No Texas passamos no Kinger …., uma das fazendas mais bonitas, mas passamos com pressa porque tínhamos data para chegar no Alaska, onde meu sogro e a Gina estariam nos esperando. Isso foi em setembro porque depois disso não pode mais entrar lá porque esfria demais. Quando chegamos lá já tinha gente indo embora, os parques estavam todos fechados, campings fechados.
Martin: Passamos por Colorado e fomos no parque Yellowstone, muito bonito. Yellowstone já fica quase na divisa com o Canadá. Era época de ursos e perguntavam se vimos ursos. Pior que não vimos nenhum urso! Todos os viajantes viram, só nos não. Vimos todos os outros animais, como os alces, cervos, menos o urso rsrsr. Os animais passavam ao lado da estrada. As crianças ficavam ruins na estrada mas quando viam um animal já ficavam espertos. Vimos carneiros e também aquelas raposas vermelhas e aqueles que você (Cintia) deu comida na mão. Vimos bastante animais. E fomos pescando também no caminho. Onde aparecia uma oportunidade a gente parava para pescar. Por causa da alimentação.
Cintia: A gente comia bem melhor viajando do que atualmente rsrsr. Sério, porque na estrada é fantástico. No México eles vendem frutas em potinhos por 25 centavos. A gente comia fruta e água. E tinha camarão cozido na estrada pra vender, muito barato. Daí a gente só comia coisas boas rsrsrs.
Massas e arroz a gente comia muito pouco. Era só frutas e frutos do mar. E fazia muito calor também, aí a gente não come muito. E na época de mais frio a gente comia macarrão e carne que levamos daqui (a que a gente conseguiu passar com carne), mas na maioria das vezes era só alimentação que eles vendiam na rua mesmo, e era saudável.
Martin: Comemos um porquinho da índia também. Mas esse eles prepararam pra nós. Lá eles criam esse animal para comer. E é gostoso.
E lá pode chegar no rio e pescar?
Martin: Nos Estados Unidos e Canadá é mais chato um pouco porque precisa de uma licença. Mas a licença é só você pagar. Você não precisa mais nada. Mas como a gente ficava muito pouco tempo em cada estado não valia a pena fazer a licença e pagar. O que eu fazia era conversar com um pescador de lá e falava: Olha, sou brasileiro e queria dar uma pescada, mas eu não tenho licença e não vou ficar tempo suficiente pra tirar a licença, o que você acha?
Todos eles falaram a mesma coisa: Você pesque aí e se der algum problema você fale a verdade. O máximo que pode acontecer é fazer você pagar esta licença.
Mas sempre deu certo. Sempre pescamos e pegamos bastante peixe e nunca deu problema nenhum.
E chegaram no Canadá ainda no verão?
Martin: Final de verão. Passamos por British Colômbia. É muito bonito lá. Conhecemos só mais esta parte do Canadá, porque se fosse pra conhecer o Canadá dava pra fazer uma viagem só no Canadá rsrs.
Se você for cruzar o Canadá acho que dá mais de 3 ou 4 mil km. E lá a gente conheceu pessoas que estavam fazendo justamente isto: em um ano eles saíram de uma costa do Canadá e foram até a outra. De carro, com uma espécie de motorhome. Uma Van adaptada para motorhome.
No Canadá passamos por Calgary e já chegamos no Alaska. Já não né kkk, porque a gente cruzou tudo ali. O Canadá é muito bonito. Lá foi onde acampamos mais no mato mesmo. Lá e no Alaska. Tem muito lugar pra acampar. Num destes acampamentos tinha um riacho também. Pegamos uns peixinhos pequenos por lá.
Cintia: Tava um frio e eu falei: vou entrar na água, porque eu assisti aqueles programas onde o cara falava que tava frio e eu falei: vou tentar pra ver se é verdade. E tava frio! Fiquei inteira roxa. Foi uma sensação que nunca senti na minha vida. Congelei e quando saí senti meu sangue voltar de novo. E tava frio pra fora. Mas consegui mergulhar e o Martin só chacoalhando a cabeça kkk.
E vc não quis arriscar Martin?
Martin: Eu entrei um pouco, mas fui só até o joelho kkkk. Sei que depois fiquei só de camiseta porque tava quente pra fora rsrrss. Mas lá foi bem legal. Acho que ficamos umas duas noites lá.
Cintia: Não, ficamos uma noite só porque tinha arranhado de urso lá e ficamos com medo. Eu tava com medo hahah, porque tinha arranhado de urso nas árvores. Não havia mais ninguém por lá.
Isso foi perto de Calgary?
Sim, tinha a ida e a volta. No Canadá principalmente a gente voltou por lugares próximos. Mas na volta, nos Estados Unidos a gente veio por lugares totalmente opostos e fomos parar na Flórida. Cruzamos os Estados Unidos inteiro.
E quando chegaram no Alaska logo encontraram seus pais?
Martin: Sim, eles haviam chegado meia hora antes e se instalado num hotel.
E vcs não quiseram ficar no hotel também?
Martin: Não, porque a gente já estava tão acostumado a ficar em barraca, que já era a nossa casa. Tanto que, quando a gente voltou, custou pra gente ficar dentro de casa de novo.
Dormiam na barraca então?
Não chegou a tanto kkk, mas a gente ficava mais pra fora. Não ficava muito dentro de casa.
Gina: E lá nós alugamos um motorhome para todos nós. Eles deixaram a camionete lá (no hotel?)
Martin: De motorhome fomos para Ancorage, que é a maior cidade do Alaska, mas não é a capital. De Ancorage fomos a Romer, onde fomos pescar o salmão. Pescamos muito. Deu 20 kg de filé de salmão que colocamos no freezer e viemos comendo salmão até o Panamá.
Ficamos duas ou 3 noites em Romer e fomos para Sewart, visitar as geleiras e ficamos pousando mais umas duas noites lá. Bem legal lá também.
Gina: E tinha aquela kombi lá, daquele filme, não sei se vc assistiu, “Into the wild’. É uma história verdadeira. Se não assistiu ainda tem algo pra assistir hoje à noite rsrsrsr. Vale a pena.
Martin Esse cara ficou acampado dentro do ônibus, e o ônibus do filme tá lá perto do Denali, perto de Anchorage. A gente foi lá, viu e tirou foto.
Cintia: E……….. fica aonde mesmo?
Martin: Fica no Canadá, antes de chegar no Alaska, num vilarejo chamado White Horse. Diz a lenda que um viajante foi lá e colocou uma placa contando que ele esteve lá. Hoje tem mais 70 mil placas. Quase 1 hectare de placas kkkk. E nós colocamos a nossa lá. Nós levamos a placa daqui de Carambeí. Nós mandamos cortar ela à laser e é de inox, então é um negócio que não vai estragar.
Cintia: Vai que um dia os meninos resolvem voltar lá, vão achar nossa placa.
Ou vocês vão de avião daí kkk.
Cintia: Pra nós agora mil, dois mil km é perto kkk. É logo ali. Nossa viagem deu 77 mil km. Ida e volta.
E como vocês se sustentavam lá?
Martin: Nós alugamos a nossa casa, os sócios ficaram cuidando da empresa e a parceria da agricultura também ficou tudo com os sócios. E eles iam depositando e a gente ia se virando com esse dinheiro.
Não era muito e a gente precisava fazer bastante economia. Dificilmente a gente ia almoçar fora. No máximo uma vez por mês. Comprávamos toda a comida em supermercados. Dependendo em que país a gente estava, comprávamos o que era mais barato ali.
A gente dormia geralmente uma noite num camping e tentava dormir duas de graça. O que às vezes dava certo, outras não. Mas a gente parou em tudo, como em estacionamento do Walmart, em posto de combustível.
E tinha chuveiros lá?
No Walmart não. Ficávamos às vezes até dois a três dias sem tomar banho.
Cintia: Só no lenço umedecido rsrsrs…. Não tinha o que fazer.
Fazia muito calor?
Cintia: No México que foi pior. O calor era demais. Aí você tomava banho e já tava suando. Banho era só com água gelada. Banho quente só no Brasil, (depois de Mato Grosso também era só banho frio) e Estados Unidos. Fora isso, só água gelada. Então a gente tomava banho lá pelas 5 horas da tarde, porque a noite esfriava muito. Depois das 7 horas, a gente até tomava banho gelado, aprendemos, mas…. kkk
Martin: Tomar banho gelado não é nada bom, diga se de passagem. Por mais que a temperatura tivesse alta o banho frio não era nada agradável.
Cintia: Como a gente dá valor a um chuveiro depois rsrsrs. O que eu mais falava era: eu quero uma aguinha quente…..
Nos Estados Unidos o banho quente custava 1 dólar, mas o tempo máximo era 5 minutos. A gente ainda com o cabelo cheio de espuma e… acabou a água… E é engraçado, porque o povo que acampa, eles estão tão acostumados, eles não estão nem aí né.
E a sogra foi acampar. Levantou e foi se arrumar pra ir no banheiro, kkkk. Eu só olhei e falei: não precisa! Porque o pessoal que acampa, é outro mundo, as mulheres vão pro banheiro do jeito que elas levantam, de pijama. Isso é tão natural pra eles. Você aprende a viver tão simples, a gente tem muita coisa atualmente que não precisa. Eu sinto falta dessa parte assim, o que eu posso passar eu passo. As vezes chego numa casa de uma amiga que tem muitas coisas e se apega muito e eu falo: não se apegue senão você nunca vai sair da sua casa e você vive pra suas coisas. A nossa casa só tem madeira e ferro, a hora que a gente quiser sair a gente sai, a gente não se prende. Mesmo os meninos, mil vezes eles preferem sair, conhecer outros lugares.
Gina: Na época o Martin pediu minha opinião sobre fazer essa viagem e levar as crianças. E eu respondi: Faça agora, que os meninos ainda querem ir juntos com vocês. O Martin ficou apreensivo como ficaria com os estudos e tal.
Cintia: Eu corri atrás para eles estudarem na viagem, mas aqui no Brasil não tem nada disso. Perguntei se teria algum problema eles viajar conosco. Eles falaram que não, que poderia comprar os materiais e ensinar eles durante a viagem, mas que isso não iria valer. Aí eu falei: sabe de uma coisa, não vou ensinar e eles vão aprender vendo. E quando ele voltou, teve aula de geografia, falou sobre o (……), um vulcão lá e Tiago deu uma aula, pois ele estava lá. Tanto que foi difícil ele se adaptar à aula depois, também porque ele voltou para uma sala com os mais novos por ter perdido um ano. Isso foi chato, mas agora já superou.
E voltando ao Alaska. A coisa mais linda lá foi a aurora boreal que a gente chegou a ver. A gente via da janela da barraca. Foi fantástico. E na volta a gente conseguiu ver no Canadá. Falei pro Martin, não vou nem tirar foto, porque é uma sensação única e você não quer perder tempo. A foto não vai transmitir o real, porque você teria que ter uma câmera apropriada para captar todas as cores. Quem quiser ver pode ver fotos na internet. Nós ficamos sentadinhos no banco, a família inteira sentada no banco, olhando pra cima. É lindo demais.
Lá acho que caiu a ficha mesmo de: agora estamos no Alaska. As cores vinham e sumiam e a gente ficava caçando elas. Vimos bastante vezes. Eu tenho vontade de voltar lá.
Eu tenho duas coisas que não deu pra fazer lá, andar de trenós com os cachorros, e passar o frio do inverno.
Gina: E como é a vida lá?
Martin: é bonito pra ir ver lá, mas pra morar não.
Cintia: Quando estávamos indo lá a gente já via as pessoas fazendo estoque de lenha para o inverno. Um estoque enorme de lenha.
Martin: Nós ficamos na casa de um brasileiro lá também, que pegava viajantes em troca de trabalho. A gente partiu lenha pra eles.
Cintia: E arrumou a horta deles, ele disse que nunca tinha ficado tão bonita.
Martin: A Cintia deu uma geral na horta lá rsrsrs.
Cintia: Eles são desleixados rsrsr. Mas ficou bem bonitinho.
Martin: Eu falei pro Gabriel, vamos procurar um machado e partir a lenha, porque aqui no Brasil a gente só corta no machado, mas ele tinha uma maquininha pra cortar kkk. Era só apertar um botão e a lenha vinha, o serviço era só colocar a madeira em cima da máquina kkk. Esse serviço foi fácil demais. Lógico que depois tinha que pegar e empilhar tudo certinho, mas nada comparado com partir no machado.
Cintia: E aonde a gente podia e batia os horários a gente ia nas igrejas, para participar de um culto. No Alaska fomos numa igreja muito bonita desse amigo dele.
Gina: E aconteceram também algumas coisas que não deram muito certo?
Martin: Sim, com o cartão… O cartão de crédito perdi na Colômbia, na ida já. Nós tínhamos 3 cartões, um no nome da Cintia, um no meu nome e um cartão de débito, que é esse tá comigo ainda, até hoje.
Então, os dois cartões eram crédito e débito, e eu tava usando aquele lá como débito. Beleza. Enfiei ele numa máquina daquelas em Cartagena… e … deixei lá o cartão. Quando senti falta dele, voltei lá, chamei segurança e tal, mas, resultado: perdemos o cartão. Não sei se a máquina engoliu o cartão, dizem que as máquinas de lá depois de um minuto puxam pra dentro o cartão, ou se alguém pegou e…. mas enfim, em seguida liguei pro banco no Brasil e contei o que havia acontecido e pra cancelar esse cartão eu precisava cancelar o outro também, porque era conta conjunta. Então os dois cartões de crédito que a gente tinha foram cancelados.
Ficamos então só com o cartão de débito, que em teoria não funcionaria no exterior, mas ele vinha funcionando. Só que, cada vez que você ia passar o cartão, era uma loteria, às vezes funcionava, às vezes não.
Então o que a gente fazia. Todo país que a gente entrava a gente pegava uns 500 reais do caixa eletrônico, isso se conseguia sacar. Às vezes não sacava também. Então a gente sempre passava o cartão e quando não passava a gente pagava em dinheiro. Até que no Colorado o cartão não passou mais e não sacava dinheiro. E o que a gente tinha era meio tanque de diesel, 20 dólares no bolso e só. E o cartão não passava em lugar nenhum. Estávamos em Colorado Springs, uma cidade próspera e não tinha onde passar a noite, só num camping mais próximo que custava 20 dólares. Ficamos num supermercado lá para usar o wifi, e tentando resolver a situação com o banco, mas não dava certo. Ah, eu tinha ainda alguns euros na carteira e tentei trocar, mas não consegui também, eu tinha que abrir uma conta. Abri então uma conta, mas mesmo assim não deu certo, foi uma confusão assim o dia todo. Meus pais tentaram mandar dinheiro de Curitiba pra lá e não conseguiam também. E a gente não tinha onde dormir, não tínhamos nem mais os 20 dólares pra dormir. Daí fui conversar com um americano lá e perguntei se ele não conhecia um lugar barato pra gente dormir e ele: Sim, claro, vc vai aí no camping, é 20 dólares… E eu falei, não, eu preciso de um lugar mais barato. Ele perguntou, mas o que aconteceu?
Aconteceu que estou sem dinheiro, sem cartão e estou fudido. Aí ele foi lá e me deu 20 dólares. Daí eu falei, não estou pedindo dinheiro, só queria saber o que fazer. Não, sem problemas, leve esse dinheiro e vá lá pro camping.
E foi o que a gente fez. Pegamos o dinheiro e fomos pro camping. Passamos a noite lá e no dia seguinte a gente conseguiu sacar dinheiro, com o mesmo cartão. Que fase!
Seguimos viagem e na noite seguinte passamos a noite no Walmart, que é de graça. E conseguimos sacar 200 dólares. Então a gente tava lá com meio tanque de combustível, 200 dólares e aquele medo de não conseguir ir muito pra frente. Não sabia se andava ou ficava…..
Enquanto a gente tava no Walmart, tinha um louquinho lá, dizia que a mulher tinha abandonado ele, e ele tava com frio. Fui no banheiro e quando saí vi que ele realmente tava passando frio e pensei, sabe o que, vou dar esses 20 dólares pra esse cara. Peguei os 20 dólares e passei pra frente. Falei, ó, não sei se vai te servir, mas eu ganhei esse dinheiro e agora vou dar pra você.
Cintia: E tinha uma outra história, que a gente tava num camping e uma mulher não tinha sabão e nós não tínhamos carne e aí troquei sabão por carne e ela deu até uma carne a mais pra nós rsrsr.
E o Thiago fez amizade com uma mulher que tinha um trailer e o cachorro dela cantou parabéns pro Martin no aniversário dele. Era uma mulher que viajava sozinha com o cachorro dela. O Thiago vivia no trailer dela. Até tocava violão. Tem até um vídeo do cachorro cantando parabéns pro Martin.
Ela foi uma que salvou a gente. Falamos que íamos viajar e ela falou: não vá porque tá vindo um tornado. Ficamos então mais dois dias no camping, onde ventou muito e teve muita chuva. E quando depois seguimos viagem vimos que realmente havia passado um tornado bem no caminho que a gente iria. Foi uma parte triste da viagem porque a gente viu muitas pessoas procurando as coisas das casas destruídas. E depois não havia mais camping livre porque os moradores, que na maioria tem motorhomes, foram todos para os campings nas redondezas e os viajantes não achavam lugar pra dormir. Isso foi no sul de Texas, na volta.
Martin: Em vários lugares que a gente quase não achava lugar pra dormir, às vezes encontrava só tarde da noite.
Cíntia: E foi nos Estados Unidos que passamos medo também. Fomos num camping e quando paramos, a gente nem jantou, já era quase uma hora da manhã, e era o que tinha pra ficar. Quando pisei no chão parecia que o chão tava vivo e quando fomos ver eram baratas. Tava tudo infestado de baratas, as baratas subiam na barraca e por todo lado. E quando o Martin abriu a geladeira vieram pessoas achando que estávamos vendendo alguma coisa. Eram pessoas, como vou dizer, pessoas que davam medo. Aí o Martin falou, nem vamos jantar. Era um camping, mas parecia um camping de filme, tinha briga e tudo lá. A gente acabou pegando só uma maçã e uma água. Eu tinha comprado uns ………. pros meninos e eles dormiram com aquilo na barraca. O Martin sempre dorme com o facão, mas nessa noite a gente nem dormiu. Não víamos a hora de clarear o dia. Antes dos outros acordarem, às 5 e pouquinho a gente saiu de fininho e fomos até a Flórida, onde dormimos na Karin. Passamos uma semana lá pra descansar kkkk… Nossa, uma delícia lá, um amor a casa deles. As crianças aproveitaram bastante.
Não levamos nenhum tipo de animal na viagem, porque teria que pagar muito mais taxas. Encontramos um casal que viajava numa kombi. Ele, a mulher e um cachorro. Não satisfeitos pegaram mais dois venezuelanos e mais um cachorro. Perguntei pra eles como fazem pra passar na aduana, porque tem que ter vacina. O deles era de raça e passava, mas o outro eles largavam e depois de passar a aduana assobiavam e o cachorro vinha correndo kkkkk… Subia na kombi e iam embora. Eles eram hippies, faziam pulseirinhas e tal.
Gina: E o que aconteceu com a carteira de motorista?
Martin: A gente perdeu os documentos do carro duas vezes. No México, lá foi terrível. Quando saímos do México, entregamos os documentos pro cara, ele não devolveu, só que não percebemos na hora. Quando entramos nos Estados Unidos e não tínhamos a documentação tivemos que voltar. O pior que não sabíamos onde procurar porque tínhamos passado por duas ou três inspeções. Voltamos no primeiro e procuramos, procuramos e falamos com todo mundo e nada de achar. Fomos pro segundo, pagamos o pedágio de novo e aí a gente já tava desesperado, porque sem o documento original do carro você não viaja e não tinha como tirar uma segunda via porque estávamos fora do Brasil. Um pepino grande. E depois de ter rodado mais de uma hora, naquele calor, naquele inferno, um movimento louco na aduana, de repente a Cintia viu uma torre de uma igreja e falou, foi aqui. Só que a gente não podia mais entrar ali com o carro porque era contramão. E pra gente passar lá não dava porque não tínhamos os documentos do carro. Foi uma sinuca de bico. Aí eu parei o carro, liguei o alerta, no meio da estrada praticamente e fui andando a pé. Os guardinhas tentando me parar mas eu fui em frente. Tava preocupado com o negócio. Quando cheguei lá encontrei o mesmo guarda por sorte e falei: ”viu, você não me entregou o documento do carro. “Entreguei sim”, “não entregou não”, “eu tenho certeza que te entreguei” e eu “tenho certeza que que não me entregou” e nisso eu olho pro chão eu vejo o documento. Provavelmente caiu na hora de entregar. Fiquei tão feliz que tinha achado, que quando ele me pediu desculpas, falei: “não, não esquente a cabeça”. E com o documento em mãos de novo a gente foi tomando bastante cuidado, mas mesmo assim, na saída do Alaska, entrando no Canadá, a mesmas coisa. O cara não entregou. Só que era uma aduaninha pequena por sorte. Andamos uns 30 quilômetros e a Cintia reparou que estavam sem os documentos. Não é possível! Então voltamos de novo até a aduana, mas a gente não consegue fazer a volta. E eles não querem escutar a gente.
Viram o passaporte de novo, carimbaram a entrada, Aí a gente passou, teve que fazer a entrada no Alaska, pra daí fazer a saída de novo. Chegando na saída falei pro cara, o nosso documento ficou aqui. O cara era um americano, daqueles bem nojento, “Não, não é possível”. Falei, “a gente perdeu, não tá no carro, deve estar aí”. Ele mexeu um pouco numa folha e já achou. E aí já mudou de figura também. Pediu desculpas. A gente tava trazendo dois chifres de alce, uma pele de White fox? Eles tinham a documentação e tudo, mas tinha alguma coisa que tava preenchido errado. Aí ele fez toda a documentação nova pra nós, bateu o carimbo.
E teve a questão do visto. A Cintia e os meninos tinham o visto pra entrar no Canadá. Eu, com o passaporte holandês não tinha o visto, que em teoria não precisaria. Teria que só tirar aquele Extra? que você faz online mesmo. Pro Canadá e Estados Unidos é a mesma coisa. Só que no Canadá é permitida a entrada só via aérea, tanto que nas duas vezes que entramos no Canadá fiquei com medo, porque tá escrito em letras bem grandes: só vale pra entrada aérea. Então, na hora de entregar os papéis eu ficava conversando com a pessoa o máximo possível, e todos nós entretíamos o pessoal. E por sorte passamos as duas vezes. Esse segundo era holandês.
Cintia: E quando chegamos no México, eles não falavam com o Martin, só comigo e ganhei mais dias. Ganhamos 90 dias de visto. E no Estados Unidos só falavam com ele e eu era ignorada porque tinha o cabelo escuro kkkkk.
O que ajudava também é que estávamos em família, isso facilita porque passa mais confiabilidade.
E na volta você foi pela Flórida?
Martin: Isso, a gente entrou por aqui, cruzou os Estados Unidos, fomos até a Flórida. E passamos na casa de mais um amigo americano que a gente fez no caminho e daqui a gente cruzou o EUA inteiro, passamos pelo Tenessee, pelo sul todo. E voltamos pela outra costa do México, e passamos em El Salvador, onde a gente não tinha passado na ida. Em Honduras estava tendo toque de recolher porque estava tendo confrontos. Na ida foi tranquilo, mas na volta foi meio tenso. Não aconteceu nada, mas fechava tudo às 7 horas. A gente parou num hotelzinho porque dava medo e saímos bem cedo antes que começassem a manifestação de novo. Eles botavam fogo nas coisas, brigavam. Então passamos reto. A sorte é que é um país pequeno, então passa rápido. Em um dia vc atravessa.
E no Panamá teve o mesmo trâmite, passamos pra Cartagena de novo. Aí o retorno foi praticamente igual. Queríamos voltar pela Bolívia, mas conversando com um e com outro achamos melhor fazer o mesmo caminho de volta. O problema da Bolívia é que eles não querem vender combustível pra estrangeiro. Por ser muito barato tem uma lei que não podem vender, especialmente pra brasileiro. E eu já tava com o saco cheio, porque ainda por cima era o nosso combustível, sabe como. Já tínhamos cruzado a metade do mundo e chegar alí na Bolívia e ainda se estressar por causa de combustível, tô fora.
E então voltamos pelo mesmo caminho. Foi bom também. Passamos pelo Acre e paramos nos mesmos lugares onde já tínhamos parado. Porque uma das coisas que a gente sentia bastante falta era de encontrar as mesmas pessoas, e não eram nem amigos. Porque todo santo dia a gente só encontrava gente nova, que era legal, mas chega uma hora que você cansa. E na volta a gente encontrou várias pessoas nos campings que ainda estavam lá desde a nossa ida, e foi aquela festa e colocamos as conversas em dia. A maioria fica muito mais tempo nos lugares.
Quanto tempo durou a viagem?
Martin: 11 meses. Foi muito rápido, mas com os filhos junto não tinha como perder mais um ano de estudo.
Eu acho que o ideal seria fazer esse trajeto em 3 anos. Porque a gente só passou nos lugares, na verdade não conheceu nada.
Estou com uma ideia de montar um caminhãozinho e montar minha oficininha junto. Viajar é bom, mas também tem que ter algo pra fazer. Apesar de resolver as questões da empresa online, mas não é igual.
A minha ideia é viajar e parar num canto, fazer minhas facas e tentar negociar a faca por uma semana de estadia, ou alguma coisa nesse sentido rsrsr… Apesar de que acho que isso não vai acontecer. O que vai acontecer é eu fazendo facas e enviando pelo Brasil, porque só hoje estou com umas 8 facas encomendas.
E qual o valor das facas?
Martin: Essa por exemplo, vendi barato, vendi por R$ 550,00. Não é faca muita cara.
Cintia: Mas foi muito legal a viagem. Eu adoro dormir em barraca. Nem deixei o Martin desmontar a barraca e tá tudo ali, completo com louça, panelas e tudo. Quando queremos ir a algum lugar mais perto, é só embarcar, tá tudo ali. A gente não parou mais de viajar desde que voltamos dessa viagem. E as crianças vão junto. Crianças kkk, já estão grandes.