Era uma vez…
Guilherme de Orange-Nassau (1579)
(pintor Adriaen Thomasz. Key 1544-1589)
Rijksmuseum Amsterdam
Era uma vez um conde. Seu nome era João. Seu sobrenome era Nassau. Na família Nassau, o nome ‘João’ era frequente e, para poder distinguir um do outro, era acrescentado um número: João I, João II e assim por diante. Quando havia mais de um João em vida ao mesmo tempo, nem sempre um número bastava e, por esta razão, eles ainda ganhavam um apelido. Para a nossa história vamos nos restringir a três pessoas de nome João. Em primeiro lugar citamos João VI de Nassau, ou João, o Velho (1535-1606). Ele era irmão de Guilherme de Orange-Nassau (1533-1584). Guilherme de Orange (nascido Nassau) e João, o Velho, eram o primeiro e segundo filhos do segundo casamento de Guilherme de Nassau-Dillenburg (também conhecido como Guilherme, o Rico, ou Guilherme, o Velho) e Juliana Von Stolberg.
Guilherme de Nassau, (irmão de João, o Velho) tinha um primo, René de Chalon (nascido Reynaert van Nassau) (1518/1519-1544). Em junho de 1544, no campo de batalha de Richemont, René de Chalon fez seu testamento. Não tendo filhos (uma filha morreu após poucas semanas de vida e seu filho bastardo não poderia ser seu herdeiro), neste testamento René nomeou Guilherme de Nassau como seu herdeiro universal. Um mês depois, durante o sítio de Saint-Dizier, ferido por uma bala de canhão, René de Chalon morreu. Entre as propriedades herdadas, encontrava-se o principado Orange na França e, desta maneira, Guilherme de Nassau obtém o título de príncipe de Orange. O lema ‘Je maintiendrai’ (Eu manterei) que se encontra sob o brasão do leão holandês, também foi herdado. O lema original era ‘Je maintiendrai Chalon’, (Eu manterei Chalon). Guilherme de Nassau ainda tentou mudar o lema para ‘Je maintiendrai Nassau’, mas no fim simplesmente restou ‘Je maintiendrai’. A partir desta herança, o nome da família passou a ser Orange-Nassau; Orange em primeiro lugar porque estava vinculado ao título de príncipe, mais importante que o título de conde da família Nassau.
René de Chalon.
(pintor desconhecido; talvez Jan van Scorel (1495-1562)
Rijksmuseum Amsterdam
Guilherme de Orange-Nassau também era conhecido sob o nome de Guilherme, o Taciturno. Este apelido, provavelmente, não tem nenhuma relação com uma suposta economia em palavras (um homem de poucas palavras), mas tem tudo a ver com a sua capacidade de guardar segredos de estado. Alguns historiadores insistem em chamá-lo de Guilherme, o Silencioso, contrariando a tradução correta do francês. O monumento de cem metros de comprimento em Genebra (Suíça), ‘O muro dos Reformadores’, mostra claramente a inscrição ‘Guillaume Le Taciturne’ sob sua estátua, que é parte deste monumento.
Há uma nítida diferença linguística e sensitiva entre silencioso e taciturno, ainda que esta última palavra seja menos usada. Silencioso é uma característica de uma pessoa, ou poderá indicar uma situação emocional momentânea o que não se aplica a Guilherme que, comprovadamente, possuía o dom da oratória. “Taciturno significa que uma pessoa possui controle sobre seus pensamentos, domínio próprio e prudência.” (Gaston Eyskens no livro Willem De Zwijger).
Guilherme de Orange-Nassau casou quatro vezes e um dos seus filhos, do seu segundo casamento, chamava-se Maurício de Nassau, príncipe de Orange-Nassau (1567-1625).
João, o Velho, (irmão de Guilherme), casou três vezes e entre seus 24 filhos tinha, obviamente, um de nome João. Era o João VII (1561-1623), chamado João, do Meio. Este João do Meio casou duas vezes. Ele tinha uma profunda admiração pelo seu primo Maurício de Nassau e deu o nome de João Maurício a um dos seus 25 filhos. Claro, também tinha um filho de nome João que se tornou João VIII de Nassau (1583-1638) e era chamado de João, o Moço.
Foto: Egon Mueller
O quadro a seguir mostra as relações familiares:
Após esta necessária introdução, estamos finalmente junto ao berço de João Maurício de Nassau.
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