Maracaju
Histórico resumido da comunidade de Maracaju, Mato Grosso do Sul – Brasil
Para fazer a retrospectiva dos holandeses em Maracaju e região, queremos voltar para outubro de 1971. Naquela época começou a migração dos gaúchos para o centro oeste do Mato Grosso. Quando eles retornavam à terra gaúcha, comentavam tantas histórias sobre a região, o que chamou a atenção do Sr. Berend Willem Bouwman, o qual queria conhecer a região. Ele então resolveu convidar quatro amigos da Colônia Castrolanda no Paraná para viajar num veraneio para o Mato Grosso. Depois de passearam por toda a região sul do Estado, no retorno da viagem, relataram o que haviam visto e ouvido. Entusiasmados, contaram que o Mato Grosso era um paraíso, com terras planas como na Holanda e que filhos e amigos deveriam conhecer a região.
Uma semana depois o Sr. Krijn Wielemaker, Willem Bouwman e Gerrit Hendrik Bouwman foram para o Mato Grosso num fusca. Ao anoitecer chegaram na região de Rio Brilhante, mas resolveram pernoitar em Dourados. No dia seguinte fizeram contato com vários agricultores, dentre eles alguns conhecidos, os quais já plantavam na região e estavam satisfeitos com os resultados obtidos, já procurando terras para comprar e arrendar. Como este mesmo grupo queria conhecer mais da região, chegaram a Maracaju, pernoitando a primeira noite no Hotel Gaúcha. No dia seguinte se encontraram com o prefeito, o Sr. Francisco Bernardes Ferreira, o qual prontamente se dispôs a mostrar o potencial de Maracaju e lhes apresentou diversos fazendeiros, com os quais fizeram contato. Na sua maioria estes fazendeiros eram parentes entre si, parecendo uma grande família.
Assim conheceram o Sr. Arlindo Olegário de Lima, do qual compraram 400 hectares da Fazenda Forquilha, dos quais 200 hectares eram para o Sr. Krijn Wielemaker e outros 200 para o Sr. Berend Willem Bouwman. Além disso, arrendaram 500 hectares da Fazenda Boa Vista do Sr. Irineu Isabel Ferreira de Lima para os Srs. Willem Bouwman e Gerrit Hendrik Bouwman. Com esses documentos em mãos, enfrentaram um novo desafio com obstáculos para vencer.
Em janeiro de 1972 parte das máquinas vieram em caminhões do Paraná para o Mato Grosso para cultivar as áreas compradas e arrendadas. Nesta ocasião o Sr. Ake van der Vinne (Chico holandês), também veio junto para trabalhar, com o direito de explorar 100 hectares.
Como na região tudo tinha que ser testado e descoberto por motivos de clima e temperaturas diferentes, Berend Willem Bouwman sempre dizia: “Nunca se joga sapatos velhos fora, sem ter calçado os novos”. Por esse motivo continuaram produzindo no Rio Grande do Sul.
Os primeiros cem hectares plantados com trigo no mês de junho daquele ano falharam por não conhecerem o clima, nem as variedades e nem tão pouco conheciam a broca do solo. Mas o preparo do solo para o plantio da soja e o arroz prosseguiu. O plantio se deu de novembro a janeiro de 1973 e o resultado da colheita foi excelente, ficando assim comprovado que era possível produzir no Mato Grosso. Os holandeses continuaram construindo seu sonho de vida e trabalho, apesar das dificuldades com a falta de estradas, armazenagem, transporte e infraestrutura para poder produzir.
Em 1972 também chegaram as famílias Beukhof e Breure, que arrendaram as terras nas Fazendas Invernadinha e Turvo. Os primeiros holandeses que aqui chegaram moraram em barracas de lona montadas no mato, mas em junho deste mesmo ano, o Sr. Berend Willem Bouwman já construiu a sua casa com telhado de zinco. Com as máquinas daquela época e os conhecimentos que tinham, os holandeses evoluíram graças à troca de experiências. E esse período ficará na memória dos primeiros migrantes de Maracaju.
Hoje contamos com 53 famílias holandesas, das quais 18 vieram direto da Holanda como imigrantes e outras vieram como migrantes de outras colônias holandesas no Brasil. Depois de muitos desafios e obstáculos vencidos, os holandeses agradecem a população de Maracaju, Rio Brilhante, Sidrolândia e de toda a região pela calorosa acolhida recebida, especialmente o Sr. Napoleão Alves Ferreira quem acolheu os gaúchos, japoneses, russos e holandeses a encontrarem terras, para o desenvolvimento e o progresso de Maracaju.
Também queremos lembrar as pessoas queridas que iniciaram ou ajudaram no processo de produção e desenvolvimento do Município. Nesses 44 anos foram constituídas novas famílias que se integraram com as famílias sul mato-grossenses e se sentem orgulhosas em terem participado e estar participando do processo de desenvolvimento da cidade e de todo um sistema produtivo e cultural. Os holandeses e seus descendentes estão bem integrados em todas as áreas da sociedade maracajuense.
Fonte do texto (adaptado): Brasil-Holanda, pelo trabalho Pátria comum, escrito por Gerrit Hendrik Bouwman, Ida Biersteker e Adriana Knibbe, agosto de 2016.
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